Serviços de Inteligência e (de)colonialidade

Autores

  • Claudio Júnio Carvalho Souza Universidade Federal de Minas Gerais
  • Pedro Lucas Moura de Almeida Cruz Universidade Federal de Minas Gerais
  • Rafael Sarto Muller Universidade Católica de Minas Gerais

Palavras-chave:

serviços de inteligência, decolonialidade, securitismo, gestão social

Resumo

Os Serviços de Inteligência (SI), parte integrante do núcleo coercitivo do Estado e, portanto, instituições regidas pelo Direito Público, são responsáveis pela formação, compilação e análise de conhecimentos estratégicos, fundamentais para subsidiar os processos de decisão. A Inteligência Policial no campo da criminologia e as Inteligências de Estado na formulação de políticas públicas são exemplos dessa atividade. O presente artigo teórico, guiado por uma abordagem decolonial, pretende demonstrar os vícios e as marcas que sugerem a colonialidade dos SI brasileiros e quais os caminhos possíveis – e essenciais – para a construção de um modelo decolonial, democrático, ético e atento às exigências materiais dos Direitos Humanos. Para tanto, na primeira seção, caracterizamos os SI a partir de suas classificações mais frequentes; na segunda, realizamos uma introdução à definição de colonialidade e às proposições do decolonialismo como abordagem; na terceira e última, analisamos criticamente elementos centrais da constituição e modos de funcionamento dos SI – securitismo e sua gestão e ética. Diante dessa discussão, posicionamo-nos criticamente frente às importações irrestritas dos modelos de SI do “Norte-Global” pelos países periféricos, e estabelecemos os principais eixos para uma proposta decolonial de SI. Como achados teóricos, identificamos que, para além da subsidiariedade estratégica, o modelo brasileiro atual, securitista, secretista, centralizador e hierárquico, proposto pelas cartilhas norte-americanas e europeias de estrutura e gestão dos SI, estabelece e fortalece práticas políticas e militares de exceção e/ou pouco democráticas, desalinhadas do perfil ético dos Direitos Humanos. Por conclusão, a gestão social e a desconstrução aparecem, por fim, como práticas sugeridas para reversão desse quadro.

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Publicado

24/10/2023

Como Citar

Souza, C. J. C., Cruz, P. L. M. de A., & Muller, R. S. (2023). Serviços de Inteligência e (de)colonialidade. Revista Do Ministério Público Militar, 49(38), 369–418. Recuperado de https://revista.mpm.mp.br/rmpm/article/view/11